O PASTORZINHO E O LOBO


Lá para aqueles lados, na ilha de Samos, na Grécia, havia um menino chamado Pedro. Sua tarefa diária era levar a ovelhada para pastar e, à noitinha, recolher e guiar o rebanho para o morro. Ali, o menino juntava-se a outros pastores e descansavam.
Dias após dia... tudo se repetia. As ovelhas, o cão, os pastores. Tudo igual, tudo igual. Que monotonia!
Num certo dia, o menino repentinamente gritou:
— Loooooobo! Looooooooobo!!!
Todos largaram seus afazeres e armados de paus correram em direção aos gritos do menino. O cão que guardava as ovelhas, num sobressalto agitou-se e rosnou. As ovelhas baliram desesperadamente.
Os homens perguntaram ao menino:
— Onde está ele? É feroz? Está faminto?
Pedro, perspicaz, respondeu:
— Era muito grande, enorme! Amarelo-amarronzado! Eu o despistei! Eu o afugentei!
Todos, muito agradecidos, saudaram o pastorzinho.
Mas no dia seguinte... As nuvens continuavam passeando calmamente, as ovelhas mastigando, o cachorro ressonando ao sol, as poucas pessoas do vilarejo caminhando lentamente de cá para lá, de lá pra cá.
— Looooooobo!!! — o menino gritou bem alto.
A ovelha baliu, o ovelheiro latiu, o povo todo subiu no morro,munidos de pedaços de paus.
— Cadê ele? Cadê? —Olharam ao redor e nada viram. Homens e mulheres voltaram aos seus afazeres*, desconfiados e pensativos.
Após alguns dias, o menino resolveu divertir-se novamente . Gritou com todas as letras e bem mais alto:
— Looooooooobo! Loooooooobo!
As ovelhas continuaram mastigando, as nuvens passeando calmamente, o cão ressonou em sonhos tranqüilos. Ninguém se moveu.
arrepiaram-se e as orelhas ficaram em pé. As ovelhas, amedrontadas, agitaram-se e tentaram se agrupar.
O menino viu um grande e ameaçador lobo amarelo-amarronzado. O lobo se aproximou, chegou mais perto, mais perto e o menino gritando:
— LOBO! LOBO! SOCORRO! LO...
Nada aconteceu, ninguém apareceu. O menino correu para cima de uma árvore, o cachorro fugiu e as ovelhas... as ovelhas viraram alimento de lobo.
No dia seguinte, não havia ovelha para contar a história, só o menino que lá de cima da árvore soluçava:
— Nunca mais vou gritar Lobo! Nunca mais!

               Texto recontado pelas autoras: Amália Orchis, Angelina Chu e Vera Simoncello, a partir de Esopo.